Resumo
Em Portugal, região de transição entre os domínios atlântico e mediterrâneo, a aplicação de índices de aridez tem sido pouco utilizada. Neste trabalho foram cartografados, dois dos índices mais conhecidos, o Índice Xerotérmico de Gaussen (fig. 1) e o Quociente Bioclimático de Emberger (fig. 2: Climograma de Emberger e fig. 3: Andares Bioclimáticos de Emberger), para um período de 12 anos (l960-71) e utilizando 101 estações climatológicas.
Uma vez que os dois mapas parecem apresentar visualmente uma grande semelhança, constituindo o Tejo um limite não rígido entre o Norte mais atlântico e o Sul mais mediterrâneo, decidiu-se compará-los também quantitativamente.
Começou por determinar-se para o conjunto das estações o valor da correlação, que é forte e nagativa, –.73 (fig. 4). Se se eliminarem as estações que mais se afastam da recta de regressão, o valor da correlação aumenta para –.81. As estações nesta situação correspondem aos dois tipos climáticos extremos: o Noroeste e as regiões de montanha, do domínio atlântico e o Sul e Sudeste dos domínios mais mediterrâneos. Prova-se assim que nos outros domíníos intermédios se pode utilizar indiferentemente qualquer dos índices.
Ao estudo balístico dos dois mapas seguiu-se a individualização de grupos de estações, a partir da árvore de ligação (fig. 5), segundo o seu grau de similaridade. Retiveram-se e cartografaram-se apenas três dos níveis de similaridade possíveis. Esses três mapas (fig. 6 A, B. C) permitem individualizar sucessivamente as regiões atlânticas, as de tonalidade mais ou menos mediterrânea e, finalmente, os principais sub-domínios de aridez do Sul do País.