Resumo
Cerca de metade dos portugueses não possui ainda qualquer sistema de abastecimento domiciliário de água, de esgotos e de recolha de lixos, e restam ainda centenas de milhares de pessoas sem acesso à energia e1éctrica.
A excessiva concentração dos aparelhos político-económicos, o carácter marcadamente classista da actuação do Poder Central, a incapacidade em se definir e concretizar uma política geral de planeamento e gestão urbanística e as insuficiências técnicas e financeiras das estruturas regionais e locais„ constituem certamente as principais causas.
Os objectivos deste estudo são assim, a relação do fomento e desenvolvimento das redes colectivas (saneamento básico e electrificação) da Arca Metropolitana de Lisboa, quer com o crescimento urbano, quer com os processos de produção e apropriação do espaço, quer ainda com as estruturas regionais e locais existentes.
As hipóteses de trabalho de que partimos foram as seguintes: 1) a evolução das redes colectivas traduz e gera padrões de segregação espacial e social; 2) o desenvolvimento das redes colectivas nem sempre acompanhou o ritmo de crescimento urbano; 3) os benefícios da localização de cada nova infra-estrutura são capitalizados pelo possuidor do solo e/ou imóveis, podendo mesmo motivar alterações nas estruturas sociais locais; 4) o poder democrático e descentralizado denota maior empenho na satisfação das aspirações individuais e colectivas; 5) o desenvolvimento das redes colectivas depende da autonomia político-financeira, da capacidade técnica, do dimensionamento e da orientação política das estruturas locais e 6) a resolução das carências de redes colectivas na A. M. Lisboa, passa pela criação de associações e empresas intermunicipais e pelo apoio e reorganização de algumas empresas publicas.