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Estudo climático de um espaço verde em Lisboa: o Jardim da Fundação Calouste Gulbenkian

Capa
Autor(es):
ANDRADE, Henrique; VIEIRA, Rute
Preço:
12 €
Páginas:
46
Ano Publicação:
2005
ISBN:
978-972-636-166-4

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Resumo


Foram efectuadas medições de diferentes parâmetros climáticos no Jardim da Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, com dois objectivos: a) analisar o contraste climático entre o espaço verde e a área construída envolvente (escala local) tanto de dia como de noite e b) conhecer a diferenciação microclimática no interior do espaço verde, no período diurno. Numa primeira parte, foi feita uma síntese das principais influências dos espaços verdes sobre o clima urbano, com base na bibliografia. O estudo climático local baseou-se em medições de temperatura do ar, com sensores fixos colocados a cerca de 3 m de altura, no interior e no exterior do Jardim, durante cerca de 117 dias nos Verões de 2004 e 2005 e ainda em 10 dias de Outono e 12 dias de Inverno.
A análise das diferenças entre o espaço verde e a área envolvente baseou-se no cálculo da “ilha de frescura do parque”: Dif maxt = Tmaxut – Tminvt, em que Tmaxut e Tminvt correspondem, respectivamente, às temperaturas mais elevadas e mais baixa medidas na área construída e no espaço verde, num dado momento. Foi calculada também a Dif medt = medut – medvt, com a diferença entre os valores medianos de temperatura do ar na área construída e no espaço verde, num dado momento.
Na escala microclimática foram feitas medições diurnas de seis parâmetros (temperatura e humidade do ar, velocidade do vento e radiação solar e infra-vermelha), em diferentes micro ambientes no interior do espaço verde. A integração de todos os parâmetros atmosféricos foi feita através do cálculo da temperatura Fisiológica (Physiological Equivalent Temperature).
O espaço verde foi mais fresco do que a área envolvente tanto de dia como de noite, em todas as estações do ano, mas especialmente no Verão e no Outono. Nos dias de Verão, as diferenças medianas entre o Jardim e a área envolvente situaram-se com muita frequência entre 1.0ºC e 1.5ºC, enquanto os valores extremos de Dif maxt chegaram a atingir 9.0ºC, em situações de tempo muito quente e seco. Isto vem demonstrar a importância dos espaços verdes na mitigação dos efeitos das vagas de calor.
As diferenças de temperatura referidas foram calculadas sem ter em consideração os contrastes na exposição à radiação solar directa. Obviamente, os locais ao sol foram sempre mais quentes do que os locais à sombra, independentemente de se situarem dentro ou fora do espaço verde. Para avaliar em que medida o espaço verde influencia a temperatura do ar, independentemente da exposição solar, foram comparados locais em idênticas condições de insolação. Os locais no interior do Jardim foram sempre mais frescos do que os do exterior: ao sol, a diferença foi de 2ºC a 3ºC e, à sombra, atingiu 5ºC.
Durante a noite, o parque foi também mais fresco do que a área envolvente, embora com uma diferença inferior à diurna (Dif medt de 0.8ºC; diferenças extremas de cerca de 4.0ºC). Um importante factor condicionante da temperatura nocturna é o Sky View Factor (SVF); locais com um SVF elevado terão temperaturas mais baixas, independentemente da sua localização no espaço verde. Foi por isso analisada a influência deste factor sobre o campo térmico, tendo-se concluído que a localização no interior do espaço verde é mais importante para o comportamento térmico de cada local do que o SVF.
Na escala microclimática, foram analisadas as diferenças diurnas entre diferentes ambientes no interior do espaço verde, no período de Verão. As diferenças mais importantes foram observadas na radiação solar e na temperatura radiativa média (Tmrt). O fluxo de radiação solar nas áreas à sombra foi, em média, 12% do que foi medido nas áreas ao sol. As diferenças na temperatura do ar foram muito inferiores (apenas 2ºC, em média), mas o resultado termofisiológico demonstra claramente a importância da sombra, em dias de Verão (a diferença média de PET foi 18.5ºC). Para além disso, observou-se que, sob maciços de árvores, a redução da radiação solar foi muito maior do que sob árvores isoladas; estas diferenças deveram-se sobretudo à redução dos fluxos laterais de radiação difusa: sob árvores isoladas, estes últimos foram 9 vezes inferiores aos registados sob grupos de árvores, enquanto o fluxo através da copa foi apenas 4.1 vezes menor.

Informação actualizada em 27/05/2010